Ciranda da Sexualidade

Este é um espaço para diálogos e reflexões de uma das principais fontes criativas na humanidade
NÃO MONOGAMIA E PSICOLOGIA ANALÍTICA: UM POSSÍVEL CHAMADO À INDIVIDUAÇÃO Relacionamentos, em geral, podem ser considerados caminhos importantes de autoconhecimento. Reconhecendo a importância da diversidade nas relações afetivas-sexuais, compartilho um recorte sobre a não monogamia como um chamado à individuação. A não monogamia abrange diversas formas de relações que ultrapassam os limites da exclusividade monogâmica e, claro, é alvo dos preconceitos heteronormativos. Isto porque, na estrutura heteronormativa o amor tem forma, cor, gênero e exclusividade ditadas por um patriarcado que diz a quem devemos amar, como devemos gozar, quando devemos nos silenciar e assim por diante. Esta organização não aceita o amor fora do binarismo e teme aquilo que não consegue domesticar. Na proposta da não monogamia, a ideia de controle sobre o outro é rompida; vivida com maturidade, ela pode ser um convite de Eros à iniciação. Aliás, as mitologias são repletas de exemplos não monogâmicos! Na presença de Eros, está combinação amorosa ganha um contorno ético, ausente de julgamentos moralistas ou acusações de promiscuidade; apresenta-se uma expressão de liberdade e profundidade, pois o Amor envolve presença, respeito e cumplicidade - e não aprisionamento, rótulos e castração. Amar fora das normas é um ato de resistência diante de tantos preconceitos e violência que se presencia - atitudes que denunciam as Sombras de uma repressão coletiva. Destaco que, viver a não exclusividade numa relação é uma escolha, não uma obrigação! É ter liberdade para viver trocas afetivas-sexuais sem a obrigatoriedade de determinada conduta; é poder eleger se quer relacionar-se ou não, com uma ou com quantas pessoas desejar! A psique é profunda e não obedece padrões sociais: ela, na verdade, é guiada por afetos reais. Nesta perspectiva, a não monogamia também se coloca a favor da descoberta erótica da alma. Assim, entendo que uma busca legítima em viver esta composição, representa e, até certo ponto, exige um compromisso grande com o autoconhecimento, pois são várias elaborações a serem realizadas, a começar pelos enfrentamentos sociais, de uma população que ainda não naturaliza a liberdade de amar, pois disseram que o 'amor certo' é entre dois; disseram que 'homem é assim e mulher é assado' e que desejar mais de uma pessoa é errado, um desvio de caráter. Quanta ignorância, não é mesmo? No entanto, considero relevante pontuar que, em combinações não monogâmicos onde pelo menos uma pessoa escolhe se relacionar com mais de uma pessoa ao mesmo tempo, nem sempre o que se é acordado nas parcerias corresponde às emoções das pessoas envolvidas. É comum acompanhar relações onde o discurso teórico é bem resolvido, mas o agir das emoções está em outro compasso. Como acontece em todo envolvimento amoroso, emergem questões difíceis, como ciúmes, posse, insegurança, comparação, medo da rejeição, controle exacerbado etc. Sentimentos presentes em todas as relações mas que, neste arranjo, o lidar agrega um número maior de pessoas, logo, a carga emocional aumenta. Nessas relações múltiplas (frisando que a não monogamia não se limita a esta única disposição), as pessoas ficarão expostas à pluralidade das projeções e das Sombras e o não olhar para esta situação, pode gerar grandes conflitos. Então, da mesma maneira que a não monogamia é uma potência riquíssima de transformação, porque rompe com o mito romântico de completude e com a ideia da 'metade da laranja' - deixando o amar mais livre, fluido e autêntico, ela também vai demandar profundidade e maturidade das pessoas envolvidas para reconhecerem, recolherem e elaborarem as projeções e complexidades que vão surgindo. Por isso, considero o posicionamento não monogâmico um campo fértil e desafiador para a individuação! Nesta disposição, há uma elaboração maior dos acordos, a fim de deixá-los claros e alinhados com as partes envolvidas; além disso, a responsabilidade afetiva e as verdades emocionais envolvem número maior de pessoas. Enfim, viver a não monogamia com ética e consciência não é ausência de compromisso: é presença profunda que abrange mais de um reflexo! É amor que respira e não sufoca. Porque o amor verdadeiro nunca foi posse... é processo, é símbolo, é travessia. Amar fora da norma, me parece uma forma muito corajosa de individuação. Até a próxima! Karina Lopes Cabral
MENOPAUSA E SEXUALIDADE: UM OLHAR PELA PSICOLOGIA ANALÍTICA Na psicologia analítica, consideramos as travessias importantes da vida como 'ritos de passagem': mortes simbólicas de um 'eu antigo' seguidas de renascimentos - transformações para novas etapas que apresenta a vida. Um importante rito de passagem da mulher é a menopausa, uma travessia naturalmente conflituosa e cheia de desafios. Em geral ela anuncia que, em breve, chegará o outono da vida. E, como estamos submetidas à sociedade patriarcal, isto é, de fato, assustador! Na lógica da cultura patriarcal, a mulher é valorizada enquanto jovem, fértil, desejável e disponível. A sociedade tende a associar o fim da menstruação ao fim de uma mulher desejável, que vive suas experiências, seus desejos e sua sexualidade. Neste atravessamento cultural, a maioria das mulheres é confrontada com a imagem negativa da velhice e de um corpo que muda. Ao encerrar, biologicamente, sua função reprodutiva — é como se ela deixasse de ter valor e se tornasse invisível. Claro que isto é um completo preconceito social! A menopausa vem carregada de potência feminina que encontra novas possibilidades criativas. Os fogachos, as mudanças emocionais, hormonais, os conflitos internos - muitas vezes vividos nesse período, fazem parte de um processo alquímico: o ego sendo confrontado com partes sombrias, sendo convidado a vivenciar aspectos mais profundos da individuação e relacionar-se, de maneira mais liberta, com a criatividade, a intuição, a solitude, a espiritualidade... Abrem-se novos espaços e, não raro, muitas mulheres se questionam sobre a própria identidade: “Quem sou eu, além dos papéis que desempenhei até agora?” Surgem sentimentos ambíguos de luto e ansiedade (pela juventude, fertilidade e tempo), liberdade (de ser quem se é, abrindo mão das concessões) e crises existenciais (porque vai de encontro com novos aspectos de sua identidade). Olhada com respeito e profundidade, a menopausa faz um convite à introspecção, à sabedoria, à autonomia psíquica e espiritual. Um verdadeiro chamado do Self! Este rito de passagem pode ser um momento de transformação de uma energia erótica — que deixa de ser centrada no outro, e se volta, com mais intensidade, para dentro, para o corpo sentido, para o prazer como presença e expressão do Self. A mulher que faz esta travessia com um olhar maduro de Si, se liberta da função social da maternidade e da performance sexual, para viver uma sexualidade mais autêntica, intuitiva e criativa, o que pode ser uma oportunidade de reconstruir a relação com o próprio corpo e os próprios desejos. A sexualidade na menopausa não morre, ela muda de linguagem! Deixa de gritar pela juventude e começa a sussurrar sabedoria. Infelizmente, muitas mulheres submetidas ao patriarcado têm dificuldade de escutar o que sussurra a alma nesta etapa da vida e acabam se sujeitando, de maneira excessiva, às mutilações estéticos que as deformam violentamente - uma grande negação da passagem do tempo e uma dificuldade de amadurecimento. Neste arranjo, Eros não consegue desempenhar seu papel de função relacional da alma! A menopausa, nem de longe é um fim, mas um caminho de iniciação. A sexualidade se desloca do território do olhar externo para o do sentir interno, o que é parte essencial do processo de individuação: tornar-se quem se é, verdadeiramente! Ela não marca o fim da sexualidade, mas uma transformação profunda dela. A libido deixa de estar a serviço da fertilidade, da performance ou da aprovação externa e passa a ser força vital, criatividade e expressão do Self. Nesta perspectiva, é um rito de passagem sagrado, onde a sexualidade se reconecta com o feminino arquetípico, a alma e o mistério. Assim, a menopausa não mata a sexualidade: ela a alquimiza! O que antes era impulso, suor e entrega, agora é fogo maduro e presença: um toque que não busca aprovar, mas sentir! É desejo que não se explica, mas que se honra. Porque ser mulher não termina quando o sangue cessa. Ser mulher é seguir renascendo em todas as fases da lua! Até a próxima! Karina Lopes Cabral
ASPECTOS TRANSCENDENTES DO ORGASMO Uma das metáforas mais antigas para se conceituar o orgasmo vem da literatura francesa do séc. XVI, embora, acredita-se que este conceito já fizesse parte do imaginário cultural e simbólico da humanidade: o conceito da 'pequena morte' (la petite mort). A metáfora da 'pequena morte' se relaciona ao orgasmo pela experiência intensa de descarga energética - tanto física quanto psíquica - que resulta num estado de não controle, um profundo relaxamento e uma sensação de esgotamento prazerosa, compatível a imagem de êxtase. Neste sentido, o orgasmo se apresenta como uma experiência de esvaziamento, que os franceses já referenciavam como esta 'pequena morte'. O orgasmo também é olhado por outras perspectivas: o destacado escritor francês, Georges Bataille, por exemplo, traz uma escrita sobre o erotismo muito interessante. Em uma de suas principais obras - 'O Erotismo', embora não fale diretamente sobre o orgasmo, Bataille aborda a temática da transgressão e da morte relacionada ao erotismo e sexualidade humana, como forma pela qual o indivíduo experimenta uma fusão com o outro e transcende a separação entre os seres e vive a sensação de uma continuidade perdida. A 'pequena morte', aqui, está relacionada à suspensão momentânea da individualidade e da consciência! Ao longo da obra, o orgasmo é apresentado, implicitamente, em diversos trechos! Destaco um, encontrado no cap. VIII, da primeira parte: "O mesmo se dá com a convulsão erótica : ela libera órgãos pletóricos cujos jogos cegos prosseguem além da vontade refletida dos amantes. A essa vontade refletida, sucedem os movimentos animais desses órgãos inchados de sangue. Uma violência, que a razão não controla mais, anima esses órgãos, tensiona-os até a explosão e, de repente, é a alegria dos corações de ceder ao excesso desta tempestade." Apesar deste trecho descrever alguns aspectos fisiológicos do orgasmo, Bataille compreende e apresenta-o como um fenômeno ontológico, transcendente e existencial. Sua obra é riquíssima no aprofundamento do erotismo, enquanto experiência que causa ruptura com os limites do Eu e corteja a morte simbólica. Caminhando pela filosofia oriental do Tantra, o orgasmo se apresenta numa abordagem espiritual e, também, transcendente. Em linhas gerais, a filosofia tântrica trabalha as potencialidades humanas em todos os seus aspectos: físico, mental, emocional e espiritual. O orgasmo pode ser compreendido, no tantrismo, como caminho de transcendência do Ego a outros estados de consciência. Neste sentido, a 'pequena morte' dilui as ilusões da materialidade e possibilita um vislumbre do Sagrado, da Totalidade. De forma semelhante, outras tradições místicas compartilham experiências de êxtase - não necessariamente sexuais - com a 'morte do Eu". E na psicologia profunda, como o orgasmo pode ser compreendido? Jung ampliou o conceito de libido, compreendendo-a como energia psíquica que se manifesta de maneira diversa e não se limita à sexualidade, como postulava Freud. Esta energia psíquica é vital e atua a favor do desenvolvimento do indivíduo. O orgasmo, enquanto manifestação intensa desta energia psíquica, conecta-se aos processos que ultrapassam os limites do Eu, ou seja, atua em seu aspecto transcendente; este estado de 'pequena morte' ilustra a dinâmica do encontro dos opostos: consciente/inconsciente, matéria/espírito etc. Assim, o orgasmo não se limita a um fenômeno físico! Ele expande para uma experiência integrativa e, em vivências profundas, pode incentivar percepções das experiências do Self. Mais uma vez, a 'pequena morte' atua como possibilidade de caminhos de transformação que ultrapassam os limites do Ego. Falar de orgasmo é falar de sexualidade. E, ainda hoje, a sexualidade continua sendo uma temática não naturalizada e uma experiência difícil para muitas pessoas. Viver a experiência orgástica em seu aspecto transcendente, não limitado à resposta de uma estimulação puramente fisiológica, envolve processos de autoconhecimento, confiança, troca, entrega e ausência de controle do Eu, tanto em experiências conjuntas, quanto no autoerotismo. Com todo julgamento, preconceito e condenação que se é vivida nas dinâmicas moralistas e repressoras de nossa sociedade conservadora, considero que 'orgasmos sinceros' são verdadeiros atos subversivos! Até a próxima! Karina Lopes Cabral
SEXO E CORPO: LIMITES E LIBERTAÇÃO Por que em muitos espaços e relações ainda é tão difícil falar sobre sexo? Infelizmente, somos frutos de inúmeras gerações modeladas em arranjos onde a relação com o corpo foi proibida e tornou-se sinônimo de pecado e inadequação - desde a ideia do pecado original descrito em Gênesis. A sexualidade vai ganhando abertura e desconstruções necessárias para que o prazer possa ser reconhecido como valor fundamental do amor próprio. No entanto, o ritmo destas desconstruções é lento, se pensado pela perspectiva cronológica que especula a descrição do pecado original, por volta dos séculos 15 e 13 a.C. E, como é vivida a sexualidade em 2025? Com muito mais diversidade, felizmente, embora o conservadorismo ainda aprisione e condene muitas formas de prazer. Considerando que a sexualidade envolve uma prática direta com o corpo, importante reconhecer que há pouca permissão em viver o que este corpo pede, pelo fato de estar aprisionado ao sistema moral, religioso, familiar, capitalista e submetido a controles absurdos de condicionamentos, proibições, repressões e violências de todo tipo. Nesta perspectiva, gosto de pensar o sexo como um ato subversivo e a sexualidade como um processo de autoconhecimento. Quando há manifestação de desejo para um encontro sexual, o corpo automaticamente ganha destaque e ganha consciência, pois ele é o instrumento para que o sexo aconteça. E quando este corpo é estimulado adequadamente, os limites violentos da moral, religião, família, etc. vão derretendo... o não controle, o não pensar, as alterações de postura vão se fazendo presentes, ao mesmo tempo em que a pessoa se torna mais consciente, pois o corpo, literalmente, expressa seu prazer em suas mais variadas formas. Assim, importante verbalizar sempre e sempre que sexo não é pecado! Sexo, num bom arranjo, é libertação. É consciência de um corpo que revela seus limites e seus infindáveis horizontes. Quando o prazer sexual vence a culpa, a entrega chega ao êxtase de um corpo que se desamarra, se entrega a fluxos que podem transcender a consciência do Eu. Estar em contato com outra pele, que não a sua, traz a percepção do quão prazeroso é reconhecer seus limites, ao mesmo tempo em que eles são ultrapassados, na exploração de novos territórios: vive-se a experiência do não limite que o sexo propõe, juntamente ao corpo que está aterrando a experiência e revelando quem você é. São experiências que permitem acesso aos conteúdos mais profundos da psique, que não está preocupada em atribuir valores morais que os homens tanto precisam. Neste sentido, compreendo que a Psique é dinâmica, integrativa, inclusiva e trabalha a favor do desenvolvimento. Viver a sexualidade com a profundidade que ela merece é dar permissão às trocas e à diversidade, compreendendo que a Alma é plural e que todo encontro sexual, consciente ou inconscientemente, tem seu propósito e valor de ser. Até a próxima! Karina Lopes Cabral
REFLEXÕES SOBRE SEXUALIDADE FEMININA 'A Mulher Amaldiçoada" (La Femme Damneé) é uma pintura em óleo sobre tela, do francês Octave Tassaert, pintor famoso por expressar cenas abordando a sexualidade, religiosidade e questões sociais (como pobreza, suicídio e falta de moradia). Octave Tassaert apresenta esta obra aos 59 anos e comete suicídio aos 74. Considero-o um buscador da própria alma, que fez da pintura um caminho de elaboração, mas que pelo desfecho apresentado, não foi capaz de integrar-se suficientemente, sucumbindo ao desespero nas últimas etapas de sua vida. Numa interpretação subjetiva, Octave Tassaert deixa como legado esta rica obra sobre a sexualidade feminina. Apresentada no séc. XIX, continua sendo provocativa nos tempos atuais. A palavra francesa 'damnée', além de 'almadiçoada', pode ser traduzida como 'condenada' ou 'danada' - traduções que evidenciam o julgamento moral religioso que o artista captou e expressou em sua pintura: toda mulher que se despe e se entrega aos próprios desejos, será condenada ou amaldiçoada de alguma forma. Muda-se a linguagem de acordo com a época mas, em essência, a condenação do prazer feminino, permanece sendo um grande pecado. Apesar de algumas conquistas significativas ao longo da História, da mulher e sua liberdade sexual, é nítido que enquanto estrutura social, pouca coisa mudou. A mulher continua sendo julgada e violentada, de todas as formas, por viver a própria sexualidade. O reflexo desta estrutura atinge as pessoas, independentemente de gênero e o que não falta, são exemplos cotidianos. A mulher bem resolvida com sua sexualidade, ainda é estereotipada vulgarmente e rejeitada em meios machistas - incluindo mulheres machistas - que condenam e julgam a postura desconstruída de uma mulher que naturaliza a relação com os próprios desejos sexuais. Muito comum os relatos de mulheres que não conseguem falar de masturbação, que condenam o uso de vibradores, que não se permitem encontros casuais ou julgam como 'errado' transarem no primeiro encontro. Em geral, desconsideram a sexualidade como uma perspectiva de saúde mental. Entre as mulheres casadas, principalmente em arranjos monogâmicos e heteronormativos, esses valores rígidos se destacam. Pouca abertura e criatividade há no casamento para as experiências sexuais; na verdade, existe o senso comum de que pessoas que casam param de transar, incluindo a 'piada' machista do 'Game Over'. O que seria destes relacionamentos, se houvesse uma abertura, naturalização, incentivo da mulher viver sua sexualidade em toda sua potência? Qual o impacto desta liberdade na sociedade? Ouso afirmar que, no mínimo, viveríamos em uma sociedade mais criativa, mais fértil e mais flexível. Um corpo autorizado ao prazer não carrega as tensões destrutivas que acompanhamos nos arranjos patriarcais: competições, padronizações, estereótipo de beleza, desvalorização da individualidade, ganhos financeiros das empresas, através da baixa autoestima feminina etc. A imagem de Octave Tassaert, provoca uma não binaridade dos gêneros e excita a imaginação a ampliar as possibilidades de se entregar aos desejos e ser possuído por eles nesta pluralidade criativa. Na pintura, há uma mulher nua, solta, relaxada, passiva aos prazeres que tocam sua intimidade em diferentes pontos. Fica o convite para se colocar neste lugar de entrega e deixar a imaginação fluir ... assumir uma postura receptiva, para ao que pode vir da alma e inundar o corpo! Até a próxima, Karina Lopes Cabral
SEXUALIDADE E DOGMA RELIGIOSO A sexualidade, sem dúvidas, é uma das expressões mais importantes de nossa energia psíquica: sem libido, não há movimento criativo para a vida! Sexualidade e libido caminham de mãos dadas, mas antes de aprofundarmos neste assunto, falemos de algo ainda mais básico: estamos em 2024 e a sexualidade, ainda é um tabu! Vimos a recente repercussão do show da Madonna no Rio de Janeiro e os intensos ataques dos conservadores, ultrajados pela postura da cantora, que há 40 anos defende, justamente, a liberdade sexual! Madonna não é uma definição estrita da sexualidade, mas, sem dúvidas, é uma bela representação do quanto a sexualidade é plural e provocativa; ela chama a atenção desde a década de 80, mas com o avanço e rapidez das novas tecnologias, a divulgação - bem como o julgamento coletivo - fica evidenciada, em tempo real, para todo o planeta, então, sentimos o impacto com mais intensidade. E por que a sexualidade é tão provocativa? Principalmente pelo fato de trazer liberdade à alma humana! E tudo aquilo que tem o propósito de libertar, assusta! Desta forma, é impossível não associar a temática da sexualidade aos dogmas das religiões, que adotam a conduta patriarcal e fazem da sexualidade, algo impuro e pecaminoso. Trazemos em nossa bagagem, uma raiz histórico social de grande moralismo religioso, independentemente se estamos vinculados a alguma religião. E quem busca desconstruir o peso deste moralismo para uma compreensão mais abrangente e valiosa sobre moralidade, sabe quão árdua é esta jornada. Os dogmas religiosos aprisionam a humanidade numa castração moral, que não é divina. O deus punitivo das religiões não permite o gozo natural da vida e esta é uma eficiente forma de manipulação das massas. Não nos falta informações históricas e notícias diárias do quão prejudicial é viver essa hipocrisia religiosa; não há benefícios, só distúrbios e prejuízos. Desta forma, naturalizar o diálogo sobre a sexualidade é de extrema necessidade, pois não há desenvolvimento individual e social sem liberdade sexual. Sexualidade não é pecado: é aproximação, é intimidade, é autoconhecimento, é saúde, é liberdade! Falaremos muito sobre isso! Karina Lopes Cabral